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Foto do escritorBeatriz Barbosa

Entrevista: Aline Reis, goleira da seleção brasileira fala sobre copa do mundo, carreira e mais

Atualizado: 12 de out. de 2019

Antes do início da preparação da seleção feminina para a Copa do Mundo tive a oportunidade de conversar com a goleira Aline Reis. Convocada pelo técnico Vadão, a atleta nos contou um pouco sobre as expectativas para o torneio e a importância da transmissão em TV aberta aqui no Brasil. Muito mais do que isso, batemos um papo sobre a importância da visibilidade do esporte através da mídia e o acolhimento da torcida. Prepare a camisa Canarinha, pinte o rosto de verde e amarelo e venha conosco conferir essa entrevista que está muito bacana.



Aline Reis


Primeiramente, como anda a expectativa para a Copa do Mundo?

A expectativa para a Copa está muito grande, é uma Copa muito especial para nós. Primeiro porque o mundo inteiro está falando do torneio, eu acho que vai ser a Copa com mais visibilidade de todas que a gente já teve, não só aqui no Brasil pelo fato de pela primeira vez ser transmitido na TV aberta, mas também nos outros países que estão muito mais ligados no futebol feminino e que vão acompanhar os jogos. Então a expectativa para isso é grande, é um ótimo sentimento saber que nossa modalidade está crescendo e está recebendo mais visibilidade, mais respeito. E a expectativa com o Brasil é que a gente vá bem, possa mostrar um bom futebol dentro de campo e dar o nosso melhor para que o Brasil possa se apaixonar pelo futebol feminino.


Qual a importância de pela primeira vez a seleção ter um uniforme ajustado ao corpo feminino?

O modelo de uniforme feminino já vem sendo usado faz um tempo, porém é a primeira vez que a seleção feminina tem um uniforme exclusivo nosso, com alguns detalhes diferentes do uniforme masculino. Pra gente é uma honra. São pequenos detalhes em direção ao reconhecimento da importância da seleção feminina.


Como você se sente fazendo parte de uma equipe que vem marcando o nome na história do futebol feminino brasileiro?

Honrada, orgulhosa e reconhecida pelo trabalho que venho realizando. A nossa seleção tem uma belíssima história de garra, superação e muita luta para estar entre as melhores do mundo. Temos que honrar todas as jogadoras que já vestiram a amarelinha e fizeram do Brasil a potência que ele é hoje.


A seleção feminina é hepta campeã da Copa América, foi semifinalista das Olimpíadas disputada no Brasil e uma das maiores potências no cenário mundial, além de contar com a maior jogadora de todos os tempos. Mesmo assim a modalidade não tem o reconhecimento que merece. Para você, o que falta para que o futebol feminino no Brasil consiga chegar ao mesmo nível de reconhecimento que vem conquistando no exterior?

Muitas pessoas pensam que para a modalidade crescer e conquistarmos esse reconhecimento, precisamos de uma medalha de ouro. Mas não concordo com isso. Já temos sete ouros de campeãs da América. O que falta mesmo é a visibilidade. Só a visibilidade do futebol feminino vai ajudar a diminuir o machismo e o preconceito que ainda existe na modalidade. Com isso, as pessoas passarão a respeitar mais o futebol feminino e mais garotas praticarão o esporte. Esse é o passo inicial para o desenvolvimento da modalidade aqui no Brasil.


Qual sua opinião sobre a polêmica a respeito das cinco estrelas acima do símbolo da CBF no uniforme da seleção feminina?

Para mim é indiferente, jogar com cinco estrelas no peito ou não. Tenho orgulho das nossas cinco estrelas conquistadas pelo masculino, mas isso é uma questão que não cabe a nós decidir. Nós como jogadoras temos que focar em outras coisas.


A Espanha detém os dois últimos recordes de público em partidas de futebol feminino entre clubes, sendo o mais recente o ocorrido em março no clássico Barcelona x Atlético de Madrid, você sendo jogadora de um clube espanhol, como vê essa aproximação do público? Esses recordes de público mostram um crescente acolhimento que a modalidade vem ganhando?

Com certeza o record de público mostra o crescente acolhimento que o futebol feminino vem ganhando na Espanha. No campeonato espanhol, os jogos são transmitidos de TV aberta, pelo mesmo canal que transmite os jogos do masculino. Isso é gigante, mas não é só isso, o nível da Liga Iberdrola está cada vez melhor. As equipes contam com jogadoras de seleções de vários países. Um campeonato competitivo assim dá gosto de assistir.


A seleção brasileira foi vice-campeã no mundial de 2007, muito se fala que ganhar um título de tamanha expressão marca uma geração para sempre, mas além das quatro linhas, como uma conquista dessa dimensão pode alavancar o acolhimento do futebol feminino no Brasil?

Uma medalha de ouro em uma Copa do Mundo é para fazer história! Ficaremos marcadas para sempre na história do futebol brasileiro. Com certeza inspiraríamos ainda mais garotas a praticarem futebol. Mas esse acolhimento já deveria ter acontecido lá em 2007, afinal, uma medalha de prata em um mundial vale muito! Na minha opinião, essa expansão da modalidade não veio porque não teve visibilidade e mídia suficiente.


Recentemente o Corinthians realizou uma peneira que reuniu mais de setecentas meninas, um número que impressiona e mostra que existem inúmeras garotas que se interessam em ser atletas profissionais, mas faltam oportunidades. Qual o conselho que você gostaria de dar para as meninas que sonham em se tornar jogadoras de futebol?

O meu conselho maior é para nunca desistirem de algo que querem tanto. Ainda existem muitas dificuldades no futebol feminino, mas dificuldades existem em todos os lugares, e se o seu sonho mesmo é ser jogadora você tem que correr atrás dele. O futebol feminino tem crescido muito e eu espero que essa nova geração receba muito mais oportunidades de realizarem seus sonhos como atletas.


Muitos já se referem ao torneio deste ano como a Copa das Copas para o futebol feminino, finalmente a mídia voltou aos holofotes a vocês. Como essa visibilidade e apoio dos torcedores podem ajudar as atletas na preparação e durante os jogos?

O apoio dos torcedores é importantíssimo. Queremos o Brasil inteiro vibrando com a gente e torcendo para que o Brasil faça uma excelente campanha. E como já disse em perguntas anteriores, acredito que essa visibilidade influenciará muito o futebol feminino no Brasil.

Nós do De Virada gostaríamos de agradecer mais uma vez pelo carinho da Aline que em meio a correria para a preparação do torneio disponibilizou tempo para conversar

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