top of page
Foto do escritorBeatriz Barbosa

Manchester City: Como absorção do time desmoraliza o Fair Play financeiro

No início de 2020, a UEFA puniu o Manchester City que infringiu as regras de fair play financeiro da FIFA, banindo o clube de competições europeias (Champions ou Europa League) por dois anos. Mas, no último dia 13 de julho, o TAS (Tribunal Arbitral do Esporte) absolveu o City que poderá disputar a Champions.


Imagem: Laurence Griffiths/Getty Images
Imagem: Laurence Griffiths/Getty Images

Entenda o caso:

Em fevereiro de 2020 a UEFA anunciou a punição ao Manchester City, banindo o time de competições europeias por duas temporadas mais uma multa no valor de 30 milhões de euros (R$ 140 milhões). O City foi considerado culpado por falsificar os valores correspondentes aos seus patrocínios entre 2012 e 2016, além de dificultar a investigação do caso. O Manchester City vem sendo investigado desde o início do ano passado, um dos motivos da investigação é que grande parte do dinheiro investido no clube por “patrocinadores” foi injetado por empresas do próprio dono do clube, o que é proibido.

A punição aplicada pela UEFA no time de Guardiola foi a maior já vista no continente europeu, o que gerou revolta em várias pessoas do meio ao redor do mundo. Logo após ser notificado, os Cityzens começaram a preparar sua defesa diante do Tribunal Arbitral do Esporte e conseguiram a absorção, decisão criticada pela UEFA, mas que libera o City a disputar a próxima Champions League. O clube foi absolvido da acusação de inflar os valores de patrocínio e foi responsabilizado apenas por dificultar a investigação, sendo multado no valor de 10 milhões de euro, número três vezes menos do que o primeiro estipulado.

O que é o Fair Play Financeiro?

Em 2010 a UEFA aprovou o regulamento do fair play financeiro que passou a vigorar em suas competições em 2011. O principal objetivo da regra é melhorar a saúde financeira dos clubes e controlar o capitalismo descontrolado que cresce nos times europeus. Basicamente, o Fair Play financeiro impede que os clubes gastem mais do que arrecadam, tendo como meta o equilíbrio financeiro e das competições.

Existem 3 regras principais dentro do fair play financeiro, são elas: 1. Os clubes que se classificam para competições europeias precisam provar que não obtém nenhuma dívida em atraso; 2. O clube não pode gastar além de 5 milhões de euro a mais do que arrecada durante o período de avaliação, que é de 3 anos; 3. Investimento “sustentável”, a entidade monitora clubes que tenham injeção suspeita de dinheiro, ao mesmo tempo que controla times com dificuldades estruturais

Dentre a punições que podem ser aplicadas pela entidade, estão: Advertência, repreensão, multa, dedução de pontos, retenção de receitas de uma competição da UEFA, Restrição no número de jogadores que um clube pode inscrever em competições organizadas pela entidade, desqualificação das competições ao decorrer e/ou exclusão de futuras competições, retirada de um título ou prêmio.

Por que a absorção do City “mancha” a imagem do Fair Play Financeiro?

Muito antes da decisão do TAS em retirar a punição imposta ao City e até mesmo antes dos ingleses serem indiciados, a regra do Fair Play Financeiro não era levada muito a sério, essa não é a primeira vez que um clube é punido por descumprir a lei e depois é absolvido, tendo que pagar apenas uma multa com um valor baixíssimo, como no caso do Manchester.

Times como City, PSG e Chelsea que tem “donos”, são constantemente vigiados. O PSG chegou a ser denunciado após diversas transações milionárias, entre elas a de Neymar, mas o caso acabou sendo arquivado. O Chelsea foi punido, seriam duas temporadas sem poder contratar, mas a pena foi diminuída para apenas uma. O caso do City não é o primeiro a desvalorizar o fair play financeiro.

A intenção da regra é boa em teoria, controlar os gastos para evitar que clubes entrem em dívidas enormes e acabem quebrando. Manter o alto nível de competitividade das ligas, o que é um mito, mas no papel acontece. Não é errado que o clube tenha patrocínios e gaste o dinheiro que foi investido no clube justamente com o proposito de montar uma equipe de ponta que ganhe títulos, fazendo com que o investimento retorne aos cofres do time e consequentemente para os patrocinadores. Mas, a partir do momento que esse dinheiro chega de forma ilegal no clube, como no caso do City, que infringiu mais de uma regra, o clube precisa ser punido.

Se a cada vez que um clube burlar as regras for absorvido ou ter sua pena reduzida e caso arquivado, nenhum clube respeitará a regra, pois sabem que a punição não virá. A UEFA se mostrou desfavorável a decisão do TAS, mas nada pode fazer. O City saiu por cima e fica o questionamento: Se é para existir apenas na teoria, por que não libera de uma vez os gastos descontrolados? Eles já existem e nada acontece aos clubes infratores, se não é para passar de uma teoria, por que continuar existindo? A mancha que esse caso deixou vai muito além do fair play financeiro, manchou também a imagem da UEFA. Se nem mesmo a maior instituição de futebol depois da FIFA consegue fazer com que as regras sejam cumpridas, quem irá conseguir?

12 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page