O automobilismo é perigoso. Na Fórmula 1, são vinte carros, vinte pilotos acelerando a 300km por hora em busca de seus sonhos, mostrando suas habilidades ao conduzir o carro, mas nem mesmo o mais talentoso dentre os pilotos está livre de acidentes. A Fórmula 1 passou por grandes evoluções, principalmente após o acidente fatal de Ayrton Senna, conforme a evolução tecnológica, acidentes que antes eram fatais, hoje causam danos, mas os pilotos saem com vida, o que é mais importante. Algumas pessoas são resistentes a essas mudanças, defendem friamente que algumas mudanças atrapalham a corrida, ou o design do carro. A adrenalina em uma corrida é tão grande, que muitas pessoas acabam esquecendo que pilotando os carros existe um ser humano, que por essência, é frágil.
O Grande Prêmio do Bahrein foi marcado por acidentes, o mais grave aconteceu logo na largada, onde após uma colisão com Daniil Kvyat, Romain Grosejan bateu na barreira e seu carro pegou fogo. A cena desesperou a todos e o fato de a transmissão ter cortado as imagens do carro, aumentou os momentos de tensão. Grosejan ficou 29 segundos no carro em meio a chamas, mas conseguiu sair consciente, apenas com uma pequena dificuldade para andar. Seu carro ficou partido ao meio e ele foi conduzido de helicóptero até o hospital. A bandeira vermelha foi acionada e o Safety Car ficou na pista por mais de uma hora, cumprindo os protocolos de segurança. Na relargada, outro acidente; Daniil Kvyat, novamente, arriscou demais na curva, enquanto Lance Stroll, que também foi otimista, sofreu o impacto do carro pilotado pelo russo, no choque, a Racing Point de Stroll capotou e saiu deslizando no asfalto, o piloto saiu andando e bem, mas abandonou a corrida. Kvyat sofreu uma punição de dez segundos, sendo responsabilizado pela batida.
A noite no Bahrein realmente não foi de sorte para a “Mercedes Rosa”. A três voltas do final, Sergio Perez, que vinha fazendo uma corrida excepcional e garantindo o terceiro lugar, viu seu carro pegar fogo após falhas técnicas, o semblante de decepção no rosto do mexicano, que ainda busca um assento para a próxima temporada, era evidente. Os procedimentos de segurança, junto com a habilidade dos médicos, a tecnologia e a ciência, foram os responsáveis por salvar a vida dos pilotos hoje. O Halo (aquela circunferência acoplada ao chassi dos carros), tão criticado, foi pelas palavras do próprio Grosjean, o responsável pelo piloto ter permanecido consciente, mesmo após a força do impacto. Grosjean está bem, os raios-x não constataram lesão nas costelas, como fora especulado no momento do acidente, os principais ferimentos foram nas costas das mãos, que sofreram queimaduras, o piloto da Haas irá passar a noite em observação, tendo a situação dos pulmões monitoradas, devido a quantidade de fumaça inalada.
A Corrida
Na primeira largada, antes do acidente de Gorsjean, Bottas que largou em segundo, caiu quatro colocações, sendo ultrapassado por Max Verstappen, Sergio Perez, Alexander Albon e Daniel Ricciardo, ficando em sexto. Antonio Giovinazzi conseguiu cinco posições, avançando para décimo primeiro. Kevin Magnussen e Nicholas Latifi saltaram quatro posições, chegando a décimo quarto e décimo sexto, respectivamente. Lando Norris, teve um problema com sua asa dianteira, que estava encostando no chão conforme o balançar do carro. Com a bandeira vermelha acionada, os pilotos foram para os boxes e viram as imagens do acidente de Grosjean, o que gerou incomodo em alguns pilotos, em entrevista pós corrida, Ricciardo deixou bem claro que achou a atitude da Fórmula 1, de ficar reprisando as cenas enquanto os pilotos se preparavam para voltar a pista, desrespeitosa, classificando o episódio como nojento.
Uma hora e vinte e seis minutos depois, a prova foi retomada, a relargada foi feita na ordem em que os pilotos estavam no momento da paralisação. As duas McLaren conseguiram três opções, com Lando Norris chegando a P6 e Carlos Sainz Jr a P12; Nicholas Latifi conseguiu refazer a boa largada, saindo da última colocação (19°) para décimo sétimo. Daniil Kvyat colocou o carro muito para dentro, acertando Lance Stroll que teve seu carro capotado e abandonou a prova, ainda com o Safety Car na pista, sob bandeira amarela, Valtteri Bottas precisou adiantar a troca dos pneus após um dos pneus do carro ter furado, caindo para 16° posição.
Com a saída do Safety Car da pista, a prova seguiu com grandes ultrapassagens. Max Verstappen teve grande desempenho, atingindo a volta mais rápida e garantindo o segundo lugar, Lewis Hamilton chegou a sua vitória 95 e Alexander Albon completou o pódio. Faltando apenas três voltas para o final da prova, o Safety Car voltou para a pista quando o carro de Sergio Perez pegou fogo, após falhas técnicas, e permaneceu até o final da corrida. Outro grande destaque da prova foi Carlos Sainz Jr, que largou em 15° e chegou em quinto lugar, confira a ordem de chegada:
1. Lewis Hamilton
2. Max Verstappen
3. Alexander Albon
4. Lando Norris
5. Carlos Sainz Jr
6. Pierre Gasly
7. Daniel Ricciardo
8. Valtteri Bottas
9. Esteban Ocon
10. Charles Leclerc
11. Daniil Kvyat
12. George Russell
13. Sebastian Vettel
14. Nicholas Latifi
15. Kimi Raikkonen
16. Antonio Giovinazzi
17. Kevin Magnussen
18. Sergio Perez
19. Lance Stroll
20. Romain Grosjean
Com o resultado da corrida, a McLaren assumiu a terceira colocação no mundial de pilotos, abrindo dezessete pontos de vantagem para a Racing Point, quarta colocada. Valtteri Bottas viu a distância entre ele e Max Verstappen na briga pelo segundo lugar no campeonato de pilotos diminuir para 12 pontos. O acidente de Grosjean será investigado pela FIA, já que os tanques de combustíveis são projetados para não serem perfurados e evitar incêndios, o fato de o carro ter se dividido em duas partes assustou, mas os carros de F1 são projetados para fazerem exatamente essa função em batidas muito fortes, para amenizar o ponto de impacto. Caso Grosejan não esteja recuperado até a próxima prova, o brasileiro Pietro Fittipaldi pode substitui-lo.
Vale reforçar que o estudo de acidentes do passado e o auxílio da tecnologia para aumentar a segurança dos pilotos nas corridas e evitar que histórias trágicas se repitam, ajudaram a salvar uma vida hoje. Sabemos que muitos sentem falta da época em que Senna corria, com toda a razão, e o melhor que podemos fazer é continuar apoiando e cobrando medidas de segurança, igual o próprio Ayrton fizera enquanto se dedicava a categoria. A Fórmula 1 não é feita apenas por máquinas e para que o espetáculo seja completo, os pilotos devem estar em segurança. Reginaldo Leme, disse em seu Twitter que esse foi o pior acidente que viu nos seus 40 anos cobrindo automobilismo, foi muito grave e uma grande tragédia fora evitada, que dias como hoje não voltem a se repetir e que Grosjean se recupere logo, para que possa se despedir da categoria com lembranças melhores que as deste domingo.
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