Leclerc brilhou, o carro de Verstappen falhou e Russell assumiu um lugar improvável: o segundo lugar no campeonato de pilotos. Confira o resumo do Grande Prêmio da Austrália, terceira etapa do campeonato de Fórmula 1.
O Grande Prêmio da Austrália retorna para o calendário da Fórmula 1 após dois anos de ausência devido a pandemia de Covid-19. O retorno do circuito foi planejado com o intuito de tornar a pista mais interessante, assim os organizadores junto com a FIA planejaram mudanças para o traçado, que foi alargado com o objetivo de tornar mais fácil as ultrapassagens e a Pirelli trouxe uma gama de pneus composta por C2 (duro), C3 (médio) e C5 (super macio), que tornaria os carros mais velozes, mas desgastaria com mais facilidade.
Na classificação, vimos os pilotos abusarem do composto mais macio justamente pela velocidade que o pneu fornece aos carros. O classificatório contou com diversas paralizações, a primeira após uma forte batida entre Nicollas Latifi e Lance Stroll. A batida, que destruiu boa parte do carro da Williams, ocorreu em um lance um tanto quanto estranho: Stroll vinha em sua volta rápida e Latifi havia acabado de frear na pista, quando a Aston Martin ultrapassou e a Williams voltou a acelerar, Stroll freiou de repente enquanto Latifi vinha para ultrapassá-lo, ambos abandonaram o classificatório.
Nos momentos finais do Q1, o carro de Alexander Albon ficou sem combustível e a sessão foi novamente paralisada para retirada do carro da pista; como o carro ficou sem combustível para análise e o erro atrasou ainda mais a classificação, Albon que largaria em 16° foi desclassificado e largou da última posição. O Q2 ocorreu sem nenhum incidente, mas no início do Q3, Fernando Alonso, que vinha em uma volta para assumir a pole, acabou errando e encontrando o muro. A sessão foi novamente paralisada.
A briga pela pole position ficou entre Max Verstappen e Charles Leclerc. O holândes chegou a ficar em primeiro, mas o monegasco reagiu e marcou o tempo recorde da pista de 1.17.868 e conquistou sua segunda pole na temporada.
A Largada
A madrugada de domingo começou com uma ótima largada no GP da Austrália. Charles Leclerc foi ameaçado por Max Verstappen, mas conseguiu se defender e logo abriu uma boa vantagem para o rival. Quem se destacou logo na primeira curva foi Lewis Hamilton, que largou de forma excelente, ultrapassando Lando Norris e Sergio Perez e assumindo o terceiro lugar.
Além do heptacampeão, Gasly, Tsunoda e Schumacher também subiram duas posições na largada da corrida, enquanto George Russell conquistou uma. Mas, se há os destaques positivos, também temos os negativos que ficaram para Carlos Sainz. O final de semana não saiu como o planejado para o espanhol da Ferrai, que teve problemas desde o terceiro treino livre e conquistou apenas a nona posição na classificação, mas acabou caindo para 14° logo no início da corrida.
A maioria do grid optou por largar de compostos médios, as exceções foram Fernando Alonso, Carlos Sainz, Kevin Magnussen, Sebastian Vettel, Lance Stroll e Alexander Albon que escolheram largar com o composto mais duro.
A Corrida
A corrida foi paralisada logo na segunda volta, após Carlos Sainz errar a freada, escapar para a grama e perder a traseira do carro, que resultou no carro atravessando a pista e parando na caixa de brita. O piloto não conseguiu sair sozinho, então o safety car entrou em cena para que o carro fosse retirado. Aproveitando o momento, a Aston Martin decidiu parar Lance Stroll e fez a escolha de pneus macios, mas em seguida, chamou novamente o canadense e retornou ao composto duro.
Na relargada, Verstappen chegou a ameaçar Leclerc, mas novamente não conseguiu ultrapassar a Ferrari. Consolidado na liderança, o monegasco começou a marcar os melhores tempos de volta. Na décima volta, uma bela disputa entre Perez e Hamilton valendo a terceira posição, onde o mexicano levou a melhor.
Os pit stops começaram na volta 19, assim como recomendado pela Pirelli. Em sua parada, Verstappen voltou em sétimo. Três voltas depois, foi a vez de Leclerc parar, a vantagem era tão boa que o piloto da Ferrari voltou na liderança. Hamilton parou na volta 23 e retornou para a pista em quinto lugar. Os pilotos optaram pelo composto duro.
O carro de segurança voltou para o traçado na volta 24, após Vettel perder a traseira e acabar colidindo no muro, perdendo o bico dianteiro e abandonando a corrida; três voltas depois, o safety car entrou e foi dada a relargada, onde novamente Verstappen tentou, mas novamente não conseguiu ultrapassar Leclerc. A diferença entre os adversários girava na casa dos quatro segundos. Em seguida, foi a vez de George Russell disputar o terceiro lugar com Perez, mas o piloto da Red Bull levou a melhor na disputa.
Russell havia conseguido ultrapassar Perez e Hamilton após fazer sua parada com o safaty car na pista. Na parte final da corrida, houve tempo para mais um safety car, dessa vez virtual, após Verstappen precisar abandonar a corrida, pois seu carro estava sofrendo um vazamento de combustível. O abandono ocorreu na volta 39 e nessa altura da corrida, três pilotos ainda não haviam feito sua parada obrigatória: Alonso, Magnussen e Albon. Os dois primeiros aproveitaram o VSC para trocar os pneus.
Leclerc seguiu liderando sem grandes preocupações, com as Mercedes tentando disputar com a Red Bull de Perez. Na parte intermediária do pelotão, Lance Stroll acabou punido com cinco segundos devido à suas manobras perigosas, o piloto da Astin Martin já havia jogado Valtteri Bottas para fora da pista e ficou andando em "zig zag", por isso a penalidade.
Stroll brigava pelo primeiro ponto de sua equipe na temporada, mas foi ultrapassado por Gasly e em seguida por Bottas. Após três corridas, a Aston Martin é a única equipe sem pontuar. Isso, porque a Williams conseguiu seu primeiro ponto na Austrália, em uma corrida sensacional de Alexander Albon. O piloto, que retornou a Fórmula 1 este ano, se manteve na pista sem parar por 57 voltas, parando no último momento para fazer a troca de seu pneu e conseguindo retornar na décima posição. Foi uma estratégia audaciosa da Williams, mas que deu certo no final.
Outra equipe que se destacou no fim de semana foi a McLaren, que conseguiu chegar com os dois carros no Q3 e terminou a corrida na quinta e sexta colocação, assumindo o quarto lugar no mundial de construtores. Os ingleses chegaram com poucas alterações nas configurações do carro, que se adaptou muito bem ao circuito, resultando importantes pontos para a escuderia.
Com o abandono de Verstappen, o pódio foi composto por Charles Leclerc, Sergio Perez e George Russell. Os dois últimos subindo no pódio pela primeira vez na temporada, além desse ser o primeiro pódio do inglês com a Mercedes.
O fim de semana dos sonhos de Charles Leclerc
Esse foi o primeiro Grand Chelem da carreira de Leclerc, ou seja, essa foi a primeira vez que ele marcou a pole, liderou a corrida em todas as voltas, fez a volta mais rápida (1.20.260) e venceu. De quebra, ainda foi eleito o piloto do dia pelo público.
A última vez que um piloto conseguiu esse feito pela Ferrari foi em 2010, com Fernando Alonso no GP de Singapura. Outra curiosidade é que desde 2011, todo piloto que conseguiu esse feito, terminou a temporada como campeão. Será que o jejum da Ferrari termina em 2022?
Fato é que a Ferrari, nessa altura do campeonato, é a equipe mais sólida do grid. O carro está bem ajustado e Leclerc muito bem adaptado. Independentemente do resultado em novembro, a combinação Ferrari + Leclerc está fazendo com que os olhos do fã de automobilismo brilhem com mais intensidade.
Situação do campeonato
Leclerc lidera de forma isolada, com 71 pontos. Russell é o segundo com 37 pontos e apesar do abandono, Carlos Sainz é o terceiro, com 33. A Ferrari também está isolada na liderança do campeonato de construtores, com 104 pontos, seguida da Mercedes com 65 e Red Bull com 55.
A próxima corrida acontece entre os dias 22 e 24 de abril, em Ímola.
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