Nós estamos vivenciando um período histórico, não há dúvidas disso. Em meio a uma pandemia, seguimos vendo o número de mortes aumentar, impotentes tentamos nos apegar na esperança de que dias melhores estão por vir. Mas, muito além da Covid-19, existe outra doença que arranca vidas diariamente e para ela, infelizmente, não temos esperança de encontrar uma vacina. O ano é 2020 e o racismo permanece impregnado em nossa sociedade, igualmente acontecia nos primórdios da nossa existência como sociedade.
Mas, diferente de quando o mundo começou a ser colonizado, vivemos em um mundo totalmente digital, onde não se existe fronteiras para a informação (salvo algumas exceções). As manifestações após a morte de George Floyd tomaram conta das redes sociais e o movimento Black Lives Matter ganharam força, fortes protestos aconteceram nos Estados Unidos e ao redor de todo o mundo atletas se ajoelharam, protestando contra o assassinato. De acordo com um relatório publicado pela Rede de Observatórios da Segurança, divulgou que 75% das vítimas de violência policial são pessoas pretas e que 61% dos casos de feminicídio são contra mulheres negras.
Os jogadores da NBA estão isolados em uma bolha na Disney, essa foi a solução encontrada pela liga para dar sequencia a temporada, sem colocar os atletas e comissões técnica em risco. A competição chegou em sua fase de playoffs e na última quarta-feira (26) os próprios jogadores decidiram boicotar os jogos em protesto a crescente onda racista de violência policial ao redor do mundo, especialmente nos Estados Unidos. A decisão veio a partir da equipe do Milwaukee Bucks, após o ataque de Jacob Blake, que foi brutalmente baleado, recebendo sete tiros nas costas na frente de sua esposa e filhos, na cidade de Kenosha. Blake sobreviveu ao ataque, mas está com paralisia.
A diretoria emitiu o seguinte comunicado: “Nós apoiamos completamente a decisão dos nossos atletas. Embora não soubéssemos de antemão, teríamos concordado com eles mesmo assim. A única maneira de conseguir mudanças é colocar luz às injustiças raciais que estão acontecendo diante de nós. Nossos jogadores fizeram isso e estaremos ao lado deles para exigir responsabilidade e mudança.”, o time do Magic até queria ir para o jogo, mas seus adversários já haviam decidido, naquela noite não haveria jogo na NBA. Frequentes protestos vinham acontecendo nos jogos da NBA, que retornou logo após o assassinato de Geroge Floyd, o caso de Blake pode forçar uma nova paralisação na liga.
O movimento para o boicote da liga ganha mais força a cada dia, é muito improvável que a liga seja cancelada. Mas, após essa decisão histórica dos atletas da NBA, cabe a nós a reflexão: Se a NBA que é uma das ligas mais ricas do mundo foi paralisada em protestos, por que outros atletas não se posicionam em casos como esses?
Sempre que casos assim acontecem, cobramos que pessoas influentes se posicionem ajudem na causa e há quem defende essa omissão. Pegando o caso de atletas brasileiros, é comum se escutar que isso é reflexo de nossa educação, que atletas que tiveram uma infância humilde não obtiveram acesso a uma educação de qualidade, o que acaba impactando no senso crítico. É um fato consumado que nosso sistema educacional é falho, mas os atletas estão em um outro nível atualmente, além de já serem experientes o suficiente para saber o que é certo ou errado, para quem acompanha os esportes e se engaja na luta antirracista, sente falta da representatividade. A impressão que se fica diante de casos como esse é de que o número de seguidor e patrocínio importam mais do que a vida, lutar contra o racismo vai muito além de postar hashtag em rede social.
Se há uma parcela de atletas, brasileiros ou não, que são insuficientes neste quesito, os jogadores da NBA, em especial os atletas do Bucks, representaram cada jovem que não tem voz ativa perante o público. Que essa consciência se espalhe, não só no meio esportivo, mas em toda a sociedade, pois é inadmissível que o tom de pele ainda influencie na visão de algumas pessoas, enquanto isso, seguiremos afirmando que vidas pretas importam!
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