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Foto do escritorBeatriz Barbosa

Bill Russel: O maior campeão da NBA

Bill Russel defendeu o Boston Celtics entre 1956 e 1969 e tornou-se o maior campeão da NBA, além de ser o primeiro técnico negro do basquete norte-americano, feito que alcançou enquanto ainda era jogador.

Créditos: Reprodução/ NBA
Créditos: Reprodução/ NBA

William Felton Russell, mais conhecido como Bill Russel, nasceu em 12 de fevereiro de 1934, na Louisiana. Ainda criança, mudou-se para Oakland, na Califórnia, onde iniciou oficialmente sua carreira no basquete. Ainda no segundo ano, Russell chegou a ser cortado do time de sua escola na Louisiana e quase foi dispensado do liceu, escola onde estudava na Califórnia, mas o técnico George Powles viu potencial no jovem Russel e o instruiu a treinar seus fundamentos e assim poder melhorá-los. Já no final do High School, Bill Russel foi ignorado por diversas faculdades, até Hal DeJulio assistir uma partida do seu time e selecionar o jogador para a Universidade de São Francisco.

Russel jogava como pivô e se destacava defensivamente, apesar de não pontuar muito, garantia rebotes para a equipe, foi seu instinto para o jogo que abriu às portas para Russel no basquete universitário. A história de Bill no basquete teve seu início na década de 50, em um período de extrema segregação racial nos Estados Unidos, onde os negros não podiam se quer dividir o bebedouro com os brancos. Essa triste era só reforça a importância de Russel para a história do esporte, ele não foi o primeiro jogador negro da NBA, mas tornou-se um dos mais importantes.

O jovem jogador aprimorou sua defesa e soube aproveitar seu corpo magro, pressionando os arremessos e movendo-se pelo garrafão dificultando os passes do adversário, isso o diferenciava de qualquer jogador da NCAA (National Collegiate Athletic Association). Foi jogando pela Universidade de São Francisco que Russel viveu um dos mais marcantes episódios de racismo. Bill Russel e os demais companheiros negros de equipe foram impedidos de se hospedarem em um hotel na cidade de Oklahoma, em forma de protesto, os demais jogadores do time não se hospedaram no hotel e acamparam no gramado da universidade. Além deste triste episódio, Russel, melhor jogador universitário do país viu o prêmio sendo entregue a um jogador branco.

Bill conquistou dois títulos da NCAA com a Universidade de São Francisco e foi draftado como segunda escolha em 1956 pelo Saint Louis Hawks (atualmente Atlanta Hawks). A ida de Russel para o Celtics só foi possível graças a negociação envolvendo o ala-armador Cliff Hagan e o ala-pivô Ed Macauley, que se transferiram para o Hawks em troca de Bill Russel. A ida do pivô para o time de Boston foi uma opção do técnico Red Auerbach. Já no seu primeiro ano com a camisa alviverde, o número 6 conseguiu um double-double de média: 14,7 pontos e 19,6 rebotes por partida, com a chegada de Russel, o Boston Celtics conquistou seu primeiro título da NBA. Ainda em 1956, Bill Russel conquistou o ouro olímpico com a seleção dos Estados Unidos.

As conquistas de Russel com a camisa do Celtics não pararam por aí, entre 1959 a 1966, Russel ao lado de outras lendas do basquete alcançaram a inigualável façanha de conquistar oito títulos consecutivos. Em 1966, o jogador assumiu outra função no time, além de jogador, Russel tornou-se o treinador da equipe. Ainda faturou mais dois títulos da NBA com suas funções, o bicampeonato em 1968 e 1969, sagrando-se o único jogador a ter 11 anéis de campeão do torneio. Após a conquista do décimo primeiro título, Russel se aposentou com médias de 15,1 pontos, 22,5 rebotes e 4,3 assistências.

Bill Russel foi eleito cinco vezes MVP da temporada regular, doze temporadas como NBA All-Star, cinco temporadas como o maior reboteiro da NBA e membro do Hall da Fama da NBA e da FIBA. Após sua saída, o Celtics aposentou o número 6 em sua homenagem. Em 2009, o troféu de MVP das finais passou a ter o nome de Russel. Em 2011, a lenda do basquete recebeu das mãos de Barack Obama, então presidente dos Estados Unidos, a Medalha Presencial da Liberdade, feito conquistado por todo o seu desempenho no basquete e como defensor dos direitos civis e dos direitos afro-americano.

Em 1975 foi indicado a entrar no Hall da Fama, mas o atleta recusou pois seria o primeiro negro a alcançar o feito e não concordava, pois acreditava que o mérito deveria ser de outra pessoa, foi apenas em novembro de 2019, 44 anos após a primeira indicação, que Russel aceitou entrar para o Hall da Fama, anunciando o feito através de um singelo tweet:

"Em uma cerimônia privada com minha esposa e amigos próximos, aceitei meu anel de Hall da Fama. Em 1975, recusei ser o primeiro jogador negro a entrar no Hall da Fama do basquete, pois sentia que outros antes de mim deveriam ter essa honra. Bom por ver o progresso, Chuck Cooper”

Chuck Cooper, citado no tweet, foi o primeiro jogador negro da NBA. Draftado justamente pelo Boston Celtics, em 1950. Cooper foi reconhecido no Hall da Fama em uma honraria póstuma em setembro de 2019 e Russel só aceitou a homenagem após o reconhecimento aos feitos de Cooper, que abriu as portas para Russel e todos os demais atletas negros do basquete nos Estados Unidos.



Créditos: Reprodução/ ESPN
Créditos: Reprodução/ ESPN

Em 2020, após o assassinato de George Floyd por um policial em Minneapolis, uma série de protestos se espalharam ao redor do mundo. O movimento Black Lives Metter ganhou força e o apoio de Russel, que ainda disparou, através do Twitter, contra o presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que se mostrou totalmente adverso aos protestos:

“Trump, você projetou sua narrativa de que se ajoelhar é desrespeitoso e antiamericano. Nunca foi sobre isso. Você é uma pessoa que divide e um covarde. Precisa coragem para lutar pelo certo e arriscar sua vida no meio de uma pandemia.”

Sem dúvidas Bill Russel foi um dos maiores, se não o maior, jogador de basquete da história da NBA. Defendendo apenas o Celtics, conquistou feitos inigualáveis na carreira. Além das façanhas realizadas em quadra, Russel usou sua voz e visibilidade para lutar pelas causas que defende e por seu povo, mostrando que a grandeza de um atleta não pode e nem deve se limitar ao seus feitos em sua modalidade.

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